Depoimento de Uma Professora Revoltada de Olindina-Ba‏

Revoltada, indignada, entristecida, abismada, humilhada..... Esse é o modo como eu me sinto nesse exato instante. O governo negocia com sequestradores, com multinacionais, com quem quer que seja, mas na hora de garantir o básico ao cidadão, ele vacila. Isso mesmo. O brasileiro tem memória curta. Recentemente na Bahia tivemos greve de policiais, bombeiros e agora professores. Me refresquem a memória...quais são os direitos inerentes aos cidadãos? Saude, educação e segurança. Nós não precisamos de estádios super luxuosos, ou de um metrô que passa mais de 10 anos para ser construído e só percorre 6 km. Isso é uma vergonha!!!!! Senhor Governador, a Bahia vai muito além de Salvador. Nós, professores que estamos no interior, (e aqui eu represento os meus colegas do Colégio Estadual Acelina Dantas da Silva) somos comprometidos, e diferentemente de você, nós amamos a nossa causa. Isso mesmo. Nenhum de nós aderiu à greve, pensando que iríamos prejudicar os alunos que vem de uma zona rural, que passam mais de 1h dentro de um ônibus numa estrada empoeirada para ter acesso à escola. E quando chegam na escola, nossas crianças não tem merenda, porque o governo não faz o repasse. O laboratório de informática está fechado porque o governo não liberou a internet. Os alunos receberam livros de matemática em dupla porque não há o suficiente. E mesmo assim nós damos o nosso sangue naquela escola. E sem arrependimentos. Depois de passar um mês pagando passagem para chegar ao meu local de trabalho e me dedicando exclusivamente a uma unidade escolar, (40h semanais) depois de criar jogos, dinâmicas, elaborar, digitar e fazer a impressão de mais de 500 provas, eu vou consultar o meu saldo bancário e me deparo com a quantia ridícula de R$204,00. Isso é uma humilhação. É um descaso. E ainda preciso encarar professores que ao contrário de mim aderiram a greve e receberam integralmente seus salários. Me questiono até quando a classe de professores vai ser tão desunida. Aqui fica um apelo a todos que se preocupam com a educação. Divulguem o absurdo que estamos passando. Voltamos à época da ditadura.