Antigamente as oficinas tinham dois personagens principais que eram o mestre da oficina e o aprendiz de ofício. Graduava-se o aprendiz como meio-oficial e oficial na execução daquele trabalho ao qual foi instruído a fazê-lo. Uma coisa que difere fundamentalmente o professor do instrutor, é que o instrutor apenas repassa instruções para a execução de uma determinada atividade. Instrutor é o mesmo que o antigo mestre de uma oficina que ensina a executar o trabalho e o que então seria chamado de professor? Instrutor é um transmissor de instruções, um adestrador e o professor além de executar as funções do instrutor ainda dá ao seu "aprendiz" a capacidade de entender e refletir sobre aquela atividade executada. Ainda o professor tem todo um planejamento por trás daquilo que ele vai ensinar, um processo calculado e seqüenciado se comparado ao instrutor. Resumindo, o instrutor acaba também recebendo menos do que um professor, logo as escolas pagam menos independentes de serem graduados ou não.
Graduação é o limiar. Nos anos 1980 tive a oportunidade de vivenciar a vida em uma oficina e observei que apesar de ter ótimos oficiais percebia claramente a divisão pela habilidade em consertar as peças, utilizar máquinas e ferramentas. A busca pelo conhecimento além do apresentado na oficina podia até causar constrangimento aos demais, limitados naquele ofício. Na prática o mestre da oficina apenas ensina um rudimento de serviço bem simples como limpeza das peças, anotações e contabilidades para somente depois sentar-se a bancada e tentar começar a executar os serviços dos oficiais graduados por experiência adquirida.
Uma situação adversa é quando o mestre de oficina se deparava com um profissional de ensino que conhecia a doutrina daquela atividade. Saindo da oficina para o mundo acadêmico, notei que muitos profissionais da minha disciplina, informática educacional, não conseguiam responder as dúvidas dos alunos que não queriam somente a instrução para operar computadores e sim saber por que aquilo tinha que ser feito.
Instruir a operar um equipamento é uma coisa. Ensinar seus princípios, efeitos, causas, conseqüências e utilidades são competências do professor e isso é a diferença. Não adianta perder tempo ensinando a utilizar um recurso de fotografia sem ter conhecimento de fotografia plena. O instrutor irá ensinar a utilizar o Adobe Photoshop, mas apesar de ter um bom conhecimento no assunto ele não saberia explicar os fenômenos da fotografia, da luz, da cor, etc.
Alguns instrutores tem muito conhecimento sobre o assunto abordado, tanto pela leitura quanto pela experiência acumulada, mas apresentam dificuldades na transmissão e esclarecimento destes conhecimentos e isto cansei de ver "in loco". O instrutor tem por hábito (medieval até) de guardar os segredos de seus conhecimentos (entre eles até mesmo o "desconhecimento") como forma de "garantir" o emprego. Professor não é um manual de instruções, para isso existem ótimas livrarias no país e compra-se até pela internet.
Retornando a um ponto importante que é a questão salarial. Um instrutor ganha menos do que um professor até pela limitação imposta pelo curso, Trata-se de uma forma de pagar uma hora aula menor, não se importando com a qualificação docente. Enquanto o instrutor sua graduação é idêntica ao de um aprendiz do meio oficial, oficial e mestre de oficina de uma dada oficina, o professor é graduado conforme sua capacitação teórica e experiência de sala, Olho vivo.
Fonte: http://aguiarsan.blogspot.com.br/2011/05/professor-nao-e-instrutor.html
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